A ansiedade é um transtorno que
se destaca na atualidade como consequência de um mundo agitado, cheio de
tensões. Este transtorno vem afetando a população de um modo geral,
independente da idade. Crianças cada vez mais cedo são
acometidas por transtornos psíquicos desta natureza. Mas em que consiste o
transtorno de ansiedade? Em termos gerais a ansiedade é entendida como um
sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou
desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho
(Castillo, Recondo, Asbahr & Manfro, 2000). Estes sentimentos surgem com o propósito de
preparar o organismo para reação de proteção ante uma situação de perigo.
Quando essa reação ocorre, mecanismos cognitivos, motivacionais, afetivos/emocionais
e comportamentais são ativados juntamente com as respostas fisiológicas e é
nesse conjunto de modificações emocionais e físicas que encontramos a base dos
transtornos de ansiedade.
A ansiedade é caracterizada por
manifestações somáticas e fisiológicas como: taquicardia, falta de ar, vasoconstrição
ou dilatação, parestesias, sudoreses, temores, tensão muscular, e tontura; e as
manifestações psíquicas como inquietação interna, apreensão e desconforto
mental.
Sentir ansiedade é normal até
certo ponto, como por exemplo, em situações inesperadas de mudanças,
entrevistas, consultas médicas, provas, viagens, ante a situações
desconhecidas, etc.
Mas quando o sentimento de
ansiedade vem a ser considerada patológica? Quando se torna uma emoção desagradável
e incômoda, que aparece de maneira exagerada, desproporcional em comparação ao
estimulo, e que traz prejuízos ao indivíduo quando esta o impede de realizar
tarefas cotidianas e em conjunto se observa uma interferência na qualidade de
vida, no conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. (Castillo et.
al., 2000).
Em crianças, principalmente nas
menores verifica-se que diferentemente dos adultos, estas não conseguem
reconhecer seus medos como exagerados, ou irracionais. O seu desenvolvimento
emocional implica sobre as causas e a maneira como os medos e preocupações
tanto normais como patológicas irão se manifestar (Asbahr, 2004).
O impacto do transtorno ansioso
em crianças pode acarretar dificuldades na vida social, uma vez que crianças inseridas
neste grupo apresentam maior dificuldade em fazer novos amigos, do que as que
não apresentam o transtorno, e consequentemente essa dificuldade na vida
social, impactam seu desempenho escolar o que trarão consequências futuras
sérias para elas.
Há pelo menos dois tipos de
transtornos ansiosos que atingem frequentemente a população infantil que são
os: Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e o Transtorno de Ansiedade de
Separação (TAS).
Transtorno de Ansiedade
Generalizada Segundo o DSM-IV-TR (1994), as
características do Transtorno de Ansiedade Generalizada envolvem preocupação
excessiva, com prejuízo funcional em vários aspectos como a segurança pessoal,
interações sociais, eventos futuros ou mesmo passado, que em grande parte das
situações são acompanhados por sintomas somáticos, como cefaleias e dores de
estômago. No grupo de crianças o Transtorno de Ansiedade Generalizado
frequentemente envolve a qualidade da performance escolar ou eventos
esportivos, mesmo quando seu desempenho não é avaliado por outros. Pode ocorrer
preocupação excessiva com a pontualidade ou eventos catastróficos tais como
terremotos ou guerras nucleares. Estas crianças podem ainda evidenciar
excessivamente conformismo, perfeccionismo e insegurança, sendo tendenciosas a
refazerem tarefas em razão de sua preocupação com um desempenho menos que o
perfeito. São excessivamente zelosas na busca pela aprovação e demandam constantes
garantias sobre o seu desempenho e outras preocupações.
Já o
Transtorno de Ansiedade de Separação é aquele no qual a criança vivencia uma
ansiedade excessiva envolvendo o afastamento de casa ou de figuras importantes
de vinculação. Esta é além daquela esperada para o nível de desenvolvimento do
indivíduo. Diferencia-se da simples ansiedade determinada pelo contato com
estranhos por causar prejuízo no funcionamento social, acadêmico (ocupacional)
ou outras áreas relevantes na vida do indivíduo e ainda causar sofrimento
clinicamente significativo. O transtorno de Ansiedade de Separação é comum,
estima-se que a prevalência é em média de 4% em crianças e pré-adolescentes. Este
transtorno pode ocorrer em virtude de algum estresse vital (como morte de um
parente ou animal de estimação, doença de um parente, mudança de escola,
mudança para um novo bairro ou imigração). Pode ter seu início já em idade
pré-escolar ou a qualquer momento, antes dos 18 anos, não é muito frequente na
adolescência. Podem ser persistentes por muitos anos tanto a ansiedade frente a
uma possível separação quanto à esquiva de situações envolvendo a separação,
como sair de casa para ingressar na universidade (DSM-IV-TR,1994).
Todo o
transtorno, qualquer que seja, precisa ser tratado o mais breve possível, pois
quando isso não ocorre, acarreta ao indivíduo uma série de prejuízos. De
maneira modo geral os tratamentos Psicológicos podem se utilizar dos seguintes
meios: orientação aos pais e à criança e intervenções familiares (conscientização
da família a respeito à condição da criança que apresenta o transtorno, e
auxílio no aumento de autonomia e a competência da criança reforçando suas
conquistas), psicoterapia dinâmica e tratamento farmacológico.
Pais e
cuidadores devem estar atentos ao comportamento de suas crianças e não ignorar
que é importante prevenir e tratar este transtorno infantil.
Sobre a autora: Regiane B.S.Cruz é psicóloga (CRP 20/5146), Especialista em gestão de pessoas, atua em processos de R&S e no desenvolvimento de pessoas e orientação psicológica online
Nota: No site do Portal da Educação você pode encontrar uma versão ampliada deste artigo de minha autoria com o tema: Transtornos de Ansiedade Infantil e seus Tratamentos. https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/transtornos-de-ansiedade-infantil-e-seus-tratamentos/49315
Referências
American Psychiatric Association. (1994). Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (4ª Ed.). Washington, DC: Autor.
American Psychiatric Association. (1994). Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (4ª Ed.). Washington, DC: Autor.
Asbahr F.R. (2004). Transtornos ansiosos na infância e adolescência:
aspectos clínicos e neurobiológicos. Jornal de Pediatria 80 (2), 28-34.
Castillo, A. R. G.L., Recondob, R., Asbahr, F. R. & Manfro, G. G.
(2000). Transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22 (2),
20-3.
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